As causas psicológicas das tensões e das dores no corpo

As múltiplas causas do cansaço e da dor no dia a dia

Sabe quando no final do dia sentimos uma exaustão, um cansaço extremo, que às vezes vem acompanhado de dores de cabeça, enxaqueca, tensões no pescoço, dores nas costas, nas pernas, entre outros sintomas diversos?

No dia aconteceu tanta coisa que fica até difícil entender o que aconteceu. Será que dormi em uma posição meio errada hoje? Ou fiquei muito tempo sentado? Com a postura torta? Ou até andei demais? Será que usei muito os braços ou os ombros em alguma atividade física, e lesionei algum músculo?

Nem sempre é fácil identificar a causa daquela tensão, daquele cansaço, daquela dor. 

Seria algo físico, biológico? 

Para resolver, será que deveria começar a dormir numa posição melhor, trocar de travesseiro? de colchão? de cadeira de trabalho? Ou parar de fazer aquela atividade física, me alongar antes? Será que tomar algum remédio ajuda? Relaxante muscular, Analgésicos?

Às vezes temos uma leve sensação de que não é simplesmente físico, mas que foi um dia muito estressante, com muitas coisas mal resolvidas ou com alguns conflitos que ocorreram durante o dia, no trabalho, na família.

Seria algo mais emocional, então? Psicológico?

Nesse caso, o que fazer? Uma meditação? Alguma atividade prazerosa, para desestressar? Seja dentro de casa, no sofá assistindo alguma série ou filme, ficando nas redes sociais, ou fora de casa, marcando de encontrar amigos, familiares? Comer alguma coisa muito deliciosa, para ajudar a aliviar a tensão? Beber uma cerveja, um drink? Usar alguma droga mais forte? 

A dimensão energética e espiritual das tensões

Quem tem uma relação com a espiritualidade de alguma forma, pode cogitar que se trate de energias densas acumuladas durante o dia, de outras pessoas, de espíritos, de seres de outras dimensões. Energias negativas que acabamos gerando ou mesmo recebendo, conscientemente ou não, derivadas de conflitos, intrigas ou mesmo de karmas e consequências de ações realizadas no passado.

Aqui resta fazer alguma prática espiritual que dentro de cada tradição tem seu próprio modo de entender o problema e dar uma solução para cada tipo de situação.

Mas existem pessoas que têm uma relação apenas parcial com a espiritualidade, entendendo que existe algo que pode estar vindo de um certo lugar desconhecido, mas que não sabe o que fazer com isso. 

Existem certas sensações que conseguimos facilmente ligar a uma causa, ou achar que é dela que se trata, por exemplo, conectar que uma dor no pescoço com certeza é porque eu dormi errado. Ou que com certeza essa dor de cabeça é pelo conflito que eu tive no trabalho. E aí só resta achar a melhor solução pra resolver isso.

Mas é incrível como nem sempre estamos corretos na nossa análise. Muitas vezes achamos que a causa é uma, quando na verdade, é algo totalmente diferente. Nossa capacidade de perceber a correlação entre as coisas que acontecem na nossa vida e seu impacto no nosso corpo, nas nossas emoções e no nosso sistema psíquico, é muito limitada.

O acúmulo invisível do cotidiano e a importância da análise consciente

O nosso dia-a-dia moderno é cheio de atividades, estamos sujeitos a muitas coisas acontecendo simultaneamente. Desde que acordamos já somos bombardeados de informações, milhares de pensamentos passam em nossa cabeça ao ver cada assunto, tema, post de instagram, notícia, conversa com uma pessoa. Cada um desses pensamentos desperta sentimentos diversos, muitas vezes contraditórios. Alguns nos causam raiva, mesmo que não tenhamos percebido. Outros nos fazem sentir pena, misturado com raiva, misturado com uma espécie de alívio, que vem junto com uma culpa – tudo isso sem que nós nos dêmos conta. 

representação da mente humana cercada por um fluxo gigante de informações

No final do dia normalmente esse acumulado de sensações, emoções, pensamentos, e porque não, energias diversas geradas por nós e pelo mundo, acabam sem ter para onde serem escoados, canalizados, descarregados, postos para fora. 

Existe um estudo dizendo que o ser humano toma cerca de 35 mil decisões por dia, sendo algumas micro decisões, como decidir se vai pegar a faca com a mão direita ou esquerda, até outras maiores e mais complexas, como se vai sair daquele emprego ou não. E muitas delas o nosso cérebro simplesmente da um jeito de decidir com base em um algorítmo próprio, sem nem mesmo precisarmos saber disso. 

Agora imagine com tudo que é pensado, sentido, experienciado, de bom ou de ruim, daquilo que foi possível ou não fazer em determinada situação, daquela vontade que não pode ser realizada, daquela raiva que ficou presa, daquela fala que não pode ser dita, ou mesmo, daquela que foi dita e foi logo após arrependida, gerando uma culpa que fica ali como uma sensação incômoda de autodepreciação.

É difícil conseguir fazer isso, às vezes por falta de tempo ou porque simplesmente estamos com a necessidade tão grande de simplesmente desligar que não temos vontade para isso. Mas quando for possível, é interessante parar e fazer uma análise minuciosa do dia, de como foi, do que aconteceu, do que nos incomodou. Rever aquela nossa concepção de se aquela dor de cabeça, aquela dor no corpo, aquela gastrite, insônia, enfim, se os nossos sintomas diários não tiveram relação com alguma dessas situações vividas durante o dia, que nem mesmo percebemos, mas que podem ter sido realmente decisivas para que isso tenha sido gerado.

Às vezes, só de conseguir identificar do que se trata, de forma realmente honesta e profunda, o sintoma por si só dá uma aliviada, por que ele só existe dessa forma para representar algo que não tenhamos dado atenção e expressão de outra maneira. 

Isso é a base da teoria psicanalítica. Se te interessa, continuaremos nos próximos capítulos.